segunda-feira, 15 de março de 2010

motor movido a oleo de consinha

Ecologia - Da panela para o motor

Veículo abastecido com óleo vegetal utilizado em frituras esteve em Belo Horizonte. Alternativa é econômica e favorece o meio ambiente

Fotos: Jorge Gontijo/EM - 18/10/07
Lenhardt explica que o objetivo é fazer do carro parte de propriedades sustentáveis
Quando a picape Chevrolet S10 do Instituto Morro da Cutia de Agroecologia (Imca) passa por perto é inevitável sentir vontade de comer um pastel. Não significa que o veículo comercialize o produto em uma estrutura montada na caçamba ou estampe em sua lataria imagens dos suculentos petiscos. O que desperta o desejo é o cheiro provocado pela queima do combustível, que é óleo vegetal de fritura reciclado. Por isso, a caminhonete recebeu o apelido de pasteleira. Paulo Roberto Lenhardt, um dos mentores da adaptação, que possibilita usar o biocombustível, saiu da cidade de Montenegro (RS) e veio até Belo Horizonte dirigindo a caminhonete por 1,8 mil quilômetros, usando basicamente o óleo vegetal, para participar da Ecolatina - 7° Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social, encerrada no último dia 19.

Após estacionar o veículo na Avenida Augusto de Lima, em frente ao Minascentro, onde a conferência foi feita, Lenhardt explicou o funcionamento do sistema. Para viabilizar o uso do óleo reciclado, são necessárias algumas adaptações no veículo. A primeira é uma linha de combustível alternativa, que liga o novo tanque de combustível à bomba. Não se pode prescindir da linha de alimentação original nem do tanque abastecido com óleo diesel, pois esse combustível é utilizado para iniciar o processo.

Isso acontece porque, para que o óleo de fritura seja aproveitado e fique com uma densidade próxima da do diesel, é preciso estar entre 85°C e 90°C, quando entrar na bomba de combustível. Assim, explica Lenhardt, a ignição é feita com o óleo diesel e, quando o motor já está aquecido, é virada uma chave (à esquerda do volante), para mudar para o óleo vegetal reciclado. Existe também uma forma paralela de aquecimento, feito com uma resistência elétrica, colocada próximo à bomba de combustível. A temperatura é controlada por um termômetro, no painel do veículo.
Adaptações para o material reciclado incluem outra linha de combustível e uma resistência

Limpeza
Logo após a resistência, é instalada uma válvula solenóide, com três bicos, um para o diesel, outro para o óleo reciclado e uma saída, que obedece aos comandos do botão (ao lado do volante), para determinar o tipo de abastecimento. "Sem a resistência, a temperatura do motor chega a 70°C, o que é insuficiente para o óleo vegetal", explica Lenhardt. Ele também ressalta que, antes de desligar o motor, a chave deve ser virada para o diesel novamente, para limpar o sistema. No processo de aquecimento, consome-se em média 1 litro de diesel, suficiente para rodar 10 quilômetros com a S10. A mesma quantia deve ser usada no processo de limpeza, antes de desligar o carro. Com isso, é possível rodar todo o trajeto usando somente o óleo de cozinha, cujo consumo é semelhante ao do diesel, que varia de 11 a 12 quilômetros por litro.

De graça
A automomia depende do tamanho do tanque. Um tanque grande, de 100 litros, custa em média R$ 500. Toda a adaptação do sistema custa R$ 3 mil, segundo cálculos de Lenhardt. A vantagem é que o óleo de cozinha pode ser obtido de graça, pois restaurantes, bares e pastelarias o jogam fora depois do uso. A idéia é possível graças ao trabalho desenvolvido pelo Imca, no Rio Grande do Sul. Foram realizadas campanhas pedindo a população que não jogasse o óleo de cozinha fora e o acondicionasse em garrafas, que são recolhidas pelo instituto. Lenhardt ressalta que a eliminação do óleo em um rio, por exemplo, polui 1 mil litros de água pura. Quando despejado na terra, impermeabiliza o solo, impedindo o cultivo, e na água fica na superfície, pois é mais leve e impede a entrada de luz, atrapalhando o crescimento dos fitoplânctos - base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos.

Filtro
Como é hábito utilizar o óleo vegetal em várias frituras, é preciso filtrá-lo antes de usá-lo como combustível. Para ser reciclado, o óleo fica duas semanas em repouso, para que os resíduos sejam decantados. Depois, é misturado com água, para que o sal dos alimentos seja separado, e depois fervido, para que a água evapore. Se o óleo vegetal for virgem, não é necessário passar por todo esse processo. Porém, o ideal, e ambientalmente correto, é usar o óleo reciclado. "O projeto faz parte de uma tentativa de passar consciência ecológica para as propriedades rurais, que podem ser sustentáveis e interagir com as cidades, transformando o lixo em combustível", explica Lenhardt.
http://noticias.vrum.com.br/veiculos_correiobraziliense/portlet,modulo,noticia,interna_noticia,id_noticias=25548&id_sessoes=4.shtml#

0 comentários:

Postar um comentário